Brasília 64 anos: Artistas usam a cidade como tela e inspiração para obras

  • 21/04/2024
(Foto: Reprodução)
A arte, assim como a música e o design, faz parte do DNA da capital brasileira inaugurada em 21 de abril de 1960. Na terceira reportagem pelo aniversário de Brasília, g1 mostra como as histórias de um cartunista, um grafiteiro e uma artista plástica se entrelaçam com a da cidade. Vinheta especial da comemoração do aniversário de 64 anos de Brasília. Animação: Vitória Coelho Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960 e neste domingo (21) completa 64 anos. Segundo a educadora e artista plástica Gil Mascarenhas, a arte de Brasília nasceu junto com a construção do plano urbanístico da nova capital do país. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp A cidade idealizada e concretizada pelo presidente Juscelino Kubitschek, pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lucio Costa – com suas equipes e milhares de trabalhadores no final dos anos 1950 – era a própria expressão da arte por meio da arquitetura modernista. Em sua "maturidade", a capital é tela e inspiração para artistas como o cartunista Toninho Euzébio, que ganhou fama após fazer interações artísticas com pontos históricos; a artista plástica Júlia dos Santos, de Ceilândia, que tem um atelier em Amsterdã, na Holanda; e o grafiteiro Flash, que trocou a pichação pela arte em murais e edifícios do Distrito Federal. Na semana do aniversário de Brasília, o g1 mostra que a arte, assim como a música e a moda, estão no DNA do "quadradinho". LEIA TAMBÉM MODA COM PROPÓSITO: Estilistas do DF empreendem com consciência e estilo 👗🧵🧥 DO DF PARA O MUNDO: Brasilienses marcam a história da música nacional 🎵🎵 O surgimento da arte em Brasília 🎨 Cena Artística Brasiliense Arte: Zaia Angelo Pouco antes da inauguração de Brasília, artistas foram convidados para criar obras de artes inseridas nos ambientes arquitetônicos erguidos no Plano Piloto. Pincéis e tintas – além dos azulejos de Athos Bulcão e dos vitrais de Marianne Peretti – deram "um pouco de cor" aos prédios, criando uma estética única. Grande parte desses trabalhos sobreviveu. Mas uma das primeiras obras de arte pintadas na nova capital acabou apagada. Alfredo Volpi foi chamado para fazer um afresco na Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, na Asa Sul. Em 1958, ele cobriu uma parede com uma imagem da Virgem Maria segurando o Menino Jesus, os dois sem rosto. Ao redor, as bandeirinhas, uma das marcas registradas do estilo de Volpi. Mas o trabalho teria desagradado alguns padres, e foi coberto com tinta branca. 👉Clique aqui para conhecer os detalhes dessa história A atitude, no entanto, não impediu que movimentos artísticos disruptivos influenciassem a cena cultural da cidade. Conheça abaixo as histórias de um cartunista, um grafiteiro e uma artista plástica que se entrelaçam com a história recente da capital. 'Invasões cartunescas' 📗✏️ JK empinando pipa pelos olhos de Toninho. Toninho Euzebio O cartunista Toninho Euzébio iniciou no caminho das artes por influência dos pais que, segundo ele, "tinham um talento contido, apenas compartilhado com os familiares mais próximos". O pai de Toninho era mestre de obras e sempre levava o filho na Feira da Torre, um local que reúne artesãos, artistas e comerciantes. Lá o menino ficava observando os artistas que pintavam na hora os seus quadros. Os pais de Toninho não tinham recursos para colocar o filho em um curso de artes plásticas, mas incentivavam o garoto. Como o pai trabalhava na construção civil, Toninho diz que sempre esteve conectado à arquitetura, e isso o motivou a fazer desenhos interativos com a cidade. Em 2015, ele começou a misturar desenho e fotografia como diretor de arte em agências de publicidade. Em 2018, Antônio Euzébio Pereira foi o único brasileiro selecionado por uma galeria da Suíça para expor o trabalho dele em meio a 100 obras de arte em Nova York. "No início eu costumava usar situações que tivessem pessoas, mas isso eu vi que não era muito legal. Meus desenhos são feitos na hora e geralmente em situações de oportunidade, e as pessoas se movimentam, o que me fazia perder desenhos. Foi aí que pensei em trabalhar com os monumentos da cidade. Eu já estava fora de agência, e trabalhando apenas como freelancer de desenho, então tinha mais flexibilidade para rodar a cidade", conta o artista. Usando monumentos e prédios do DF, Toninho trabalha para valorizar o patrimônio arquitetônico de Brasília e também para que haja um "outro olhar" sobre o Distrito Federal. Arquitetura da Ponte JK vira movimentos de pedra quicando pelo rio. Toninho Euzebio "Brasília é minha fonte máxima de inspiração. O céu, os monumentos, as árvores, as lixeiras, o seu jeito único. Tudo me influencia a criar. Ao longo desses quase dez anos retratando a cidade e seus elementos de forma lúdica e divertida, acho que, de certa forma, aquela gotinha começou a virar uma poça d’água", diz Toninho Euzébio. De Ceilândia para o mundo 🌍 Obra "Catedral de Renda de Brasília" de Júlia dos Santos. Júlia dos Santos A artista plástica de Ceilândia Júlia dos Santos cresceu rodeada de cores, moldes de jornais, retalhos e muitos desenhos no atelier de costura da mãe. Esse ambiente "lúdico" para uma criança, fez com que ela se apaixonasse pelo mundo das artes. Júlia se tornou professora de educação artística do ensino fundamental e, atualmente, mora bem longe da cidade natal: está em Amsterdã, na Holanda, onde estuda artes e tem um atelier. Ao g1, Júlia conta que mesmo a 8.957.48 km de distância, Brasília continua nos seus pensamentos, e que a cidade é inspiração para as criações. Ela retrata monumentos icônicos, como a Catedral, repletos de cores (veja foto acima). "Brasília é uma cidade única, cheia de contrastes arquitetônicos e culturais, o que influencia profundamente minha artisticidade. Trabalhar com arte fora do país é uma oportunidade incrível para expressar as múltiplas identidades e narrativas que permeiam diferentes sociedades, contribuindo para a diversidade cultural local, mas também global, pois a ideia de fronteiras, tanto físicas quanto culturais, estão ficando cada vez menos definidas", diz Júlia. Júlia em seu atelier Júlia dos Santos Seu trabalho também aborda temas como o desmatamento do Cerrado e a preservação ambiental. Para ela, é essencial que os artistas e educadores – por meio da expressão artística – abordem questões que coloquem a sociedade para refletir, envolvendo as próximas gerações, para buscar soluções para as questões que afetam nossas vidas. Usando Brasília como livro de colorir 🖌️ O grafiteiro Flash tem sua arte espalhada por murais e edifícios do Distrito Federal. Com cores fortes e personagens característicos, ele embeleza a paisagem urbana. Um dos grafites que o artista possui espalhados pela cidade. Flash Sua paixão pela arte teve início em 2001. Fascinado pelas "expressões visuais", ele começou como pichador. Em 2014, trocou o que é considerado uma infração pela arte do grafite. Grafitando, Flash poderia continuar na arte urbana de forma legal e de um jeito que a maioria das pessoas gosta. Atualmente, o trabalho dele está presente em vários pontos de Brasília. "A sensação de ser reconhecido é extremamente gratificante, é saber que foi válido todo meu esforço pra chegar até aqui, além de ser motivador para eu continuar na minha caminhada, criando e espalhando meu nome e personagem pela cidade", diz o grafiteiro. Completando quase 10 anos de carreira no grafite, o artista reforça as dificuldades, mas também se orgulha de ser um artista brasiliense. "É uma responsabilidade imensa trabalhar com grafite no coração do Brasil. É importante mostrar toda a potência da nossa arte urbana ajudando a revitalizar espaços degradados, ou até abandonados, trazendo cor e vida para esses lugares", aponta Flash. Flash Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

FONTE: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2024/04/21/brasilia-64-anos-artistas-usam-a-cidade-como-tela-e-inspiracao-para-obras.ghtml


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